O Perfil Epidemiológico da Pneumoconiose Relacionada ao Trabalho em Minas Gerais (2020-2023)

Resumo

INTRODUÇÃO: As pneumoconioses são doenças pulmonares intersticiais causadas pela inalação de partículas inorgânicas, como sílica e asbesto, frequentes em ambientes de trabalho. Em regiões mineradoras e industriais, como Minas Gerais, representam um problema de saúde pública. A notificação compulsória busca monitorar essas doenças, mas fatores como a subnotificação comprometem a formulação de políticas de prevenção das patologias ocupacionais.OBJETIVO: Identificar o perfil epidemiológico das pneumoconioses no estado de Minas Gerais, a fim de embasar intervenções voltadas à proteção da saúde dos trabalhadores. METODOLOGIA: Estudo ecológico, descritivo e transversal com análise de dados de pneumoconioses entre 2020 e 2023, extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As variáveis que foram avaliadas incluíram dados sociodemográficos, exposição ao asbesto e casos relacionados a câncer ocupacional RESULTADOS: O estado de Minas Gerais registrou 300 notificações de pneumoconiose relacionadas ao trabalho durante o período estudado (2020-2023). Conforme os dados coletados, os casos de pneumoconioses ocorreram mais em homens pardos com escolaridade baixa com ensino fundamental incompleto. As notificações por exposição ao asbesto reduziram discretamente durante o período avaliado. As notificações de proteção coletiva aumentaram e o uso de EPIs permaneceu baixo. Foi detectado neste estudo que muitos registros das notificações estavam incompletos o que prejudica uma análise mais precisa dos fatos. DISCUSSÃO: Minas Gerais apresenta um número expressivo  de casos de silicose, especialmente em trabalhadores de mineração e construção, atividades laborais predominantes neste estado. O aumento de notificações no setor informal reflete mudanças no perfil ocupacional, com predominância de homens, possivelmente devido à maior participação masculina no setor. A análise da distribuição das pneumoconioses por raça, neste estudo, pode revelar vulnerabilidades econômicas e raciais, com trabalhadores pardos mais frequentemente expostos. Indivíduos com baixa escolaridade foram mais acometidos, similar a estudos anteriores, o que possivelmente demonstra a associação da educação às condições de prevenção de doenças ocupacionais. Apesar da redução na exposição ao asbesto, a asbestose continua relevante neste estado e associada a incidência de cânceres pulmonares. CONCLUSÃO: O aumento de pneumoconioses em setores de risco demanda maior rigor no diagnóstico e práticas de segurança. A implementação de medidas preventivas e políticas voltadas a trabalhadores vulneráveis, especialmente de baixa escolaridade e do setor informal, são necessárias para reduzir esses impactos.