Artrite Reativa pós instilação intravesical de BCG: Relato de Caso
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Como Citar

Lee, N., Satie Hagi Oda, V., Brito Shiroma, Y., & Stadler Kahlow, B. (2024). Artrite Reativa pós instilação intravesical de BCG: Relato de Caso . A.R International Health Beacon Journal (ISSN 2966-2168), 1(5), 129–130. Recuperado de https://healthbeaconjournal.com/index.php/ihbj/article/view/85

Resumo

O carcinoma de bexiga é um dos tumores malignos mais frequentes do trato urinário, predominantemente em idosos e ex-tabagistas. A instilação intravesical de Bacillus Calmette-Guérin (BCG) é uma terapia padrão para carcinoma in situ e tumores superficiais de bexiga, sendo eficaz na prevenção de recidivas e progressão da doença. Apesar de ser geralmente segura, a terapia com BCG pode causar efeitos adversos, incluindo a artrite reativa (ARe), uma complicação rara que ocorre em 0,5% a 1% dos pacientes e pode resultar de uma resposta imunológica exacerbada ao BCG. OBJETIVOS: Relatar um caso clínico de uma paciente com câncer de bexiga que desenvolveu artrite reativa após tratamento intravesical com BCG. METODOLOGIA: relato de caso. RELATO DE CASO: Paciente feminina, 59 anos, ex-tabagista, foi diagnosticada com câncer de ureter em 2018, tratado com quimioterapia e ressecção cirúrgica. Um ano depois, desenvolveu carcinoma de bexiga in situ e iniciou tratamento com BCG. Após a 5ª instilação de BCG, apresentou monoartrite no joelho direito e tenossinovite dos flexores na mão direita. A punção sinovial do joelho revelou líquido inflamatório sem microcristais ou microrganismos, com níveis elevados de VHS e PCR. Foi diagnosticada com artrite reativa e a imunoterapia com BCG foi interrompida. A paciente recebeu prednisona (40 mg/dia) por 6 meses, resultando na remissão dos sintomas e na conclusão do tratamento oncológico com gemcitabina intravesical sem recidiva da ARe. DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO: A ARe associada ao BCG é uma complicação rara, com a literatura sugerindo uma prevalência entre 0,5% a 1% e ocorrendo geralmente após múltiplas instilações. O caso relatado confirma esse padrão, com sintomas surgindo após a quinta instilação, e está alinhado com a descrição de manifestações clínicas, como monoartrite e tenossinovite, observadas na literatura. O diagnóstico foi reforçado pela ausência de microcristais e microrganismos no líquido sinovial e pela elevação de marcadores inflamatórios. O tratamento com corticoides resultou na resolução dos sintomas, corroborando com a literatura que indica a ARe como geralmente autolimitada e com bom prognóstico após interrupção da terapia com BCG. CONCLUSÃO: A artrite reativa é uma complicação rara, porém relevante, da instilação intravesical de BCG. O diagnóstico precoce e o manejo adequado, incluindo a interrupção da imunoterapia e tratamento com corticoides, são essenciais para a resolução dos sintomas e para a manutenção da qualidade de vida do paciente, sem comprometimento do tratamento oncológico

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Referências

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